domingo, 18 de outubro de 2009

Sal


Esse final de semana, eu fui com alguns amigos para praia. Choveu muito nos primeiros dias, isso me fez manter a cabeça em coisas que havia deixado pendentes em Campinas, aquelas coisas que te tiram o sono, mas hoje, conseguimos uma pontinha de salvação com a falta de chuva (e não o sol). Essa pontinha de salvação nos rendeu uma ida a praia. A nossa ida a praia nos fez alugar um Jet Ski, cuja eu nunca tinha andado. A minha boa e velha empolgação de criança, me fez correr em direção ao mar e ver aquele enorme brinquedo como se fosse um presente pra mim. Andei primeiro na "garupa", foi bacana, ri muito. Dirigi a parada e minha amiga me acompanhou, como carona. Foi mais bacana, curti mais, ri mais ainda. Aí, tive que vê-lo indo embora quando acabou o tempo. Não aguentei, precisava de mais. Conseguimos um preço melhor. Andamos mais um pouco, eu como passageiro, caí umas duas vezes, dirigi um pouco mais. Agora a história começa a mudar de rumo: quando fui entregar o Jet para os meus amigos andarem, eles me deixaram usar o resto do tempo, mais ainda, SOZINHO. Eles ainda não sabem o significado que aquilo teve. Acelerei ao máximo na saída. Gritava, como se aquilo fosse a última coisa que eu faria na vida. Fui contra as ondas, pulando e gritando com toda força dos meus pulmões(a ponto de soar como um desperdício de ódio reprimido.). Depois de três pulos seguidos, terminando com uma forte queda no Jet Ski, tive que parar. Ali, no meio do mar. sozinho, de frente para uma ilha. Só então me dei conta de uma coisa: eu tinha esquecido de todos os meus problemas, aqueles que fiquei pensando nos dias de chuva. Aquele momento era tão intenso, que minha cabeça só conseguia pensar no vento batendo no meu rosto, misturado com os esguichos de água salgada e a minha única reação era gritar, gritar do fundo do coração.


O que isso pode nos ajudar? O filme "Peaceful Warrior" tem como uma de suas filosofias a seguinte: "Há sempre algo acontecendo.". Cara, pense nisso. É louco pensar como deixamos momentos bacanas (por mais que simples), passarem batidos, simplesmente por que minha cabeça estava cheia de coisas que não poderiam ser resolvidas naquele momento, mas minha mente psicóticamente sistemática precisava de um plano, para resolvê-los. No meio do mar, me dei conta, que os dois dias anteriores, nos momentos em que estava pensandos nos problemas, perdi risadas com os meus amigos, ou o tempo de aprender algo novo com o que eles diziam, simplesmente por que aquele momento não era tão atrativo como andar de Jet Ski. Mas aquilo era um momento! Foram alguns minutos da minha finita vida, que eu deixei de crescer ou de me divertir, simplesmente por que minha mente não estava focada naquele momento.


Aquele grito (sim, foi um só, muito longo), foi como a melhor forma de expressar que eu estava livre tudo que estava em terra firme e que aquele momento merecia ser apreciado, da forma que EU quisesse.


É difícil as vezes esvaziar a cabeça dos problemas pequenos e incômodos. Mas não podemos deixar esse momento, o "agora" passar batido, simplesmente por que os problemas existem.


O resultado daquele momento maravilhoso? Dores no corpo todo, dor de cabeça muito forte e falta de ar. Mas tudo valeu a pena, por que eu curti aquele momento, agora estou cuidando das dores.



"Feel the rain on your skin. No one else can feel it for you!"(Natasha Bedingfield, Danielle Brisebois, Wayne Rodriguez na música "Unwritten")
PS: Por exemplo, enquanto escrevia esse texto, não pensei em mais nada além do texto. Aqueles problemas? Serão resolvidos quando tiverem que ser resolvidos.

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