terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Segredinho

Seguindo o tema "independência feminina"(depois do ótimo post #PARTIU), temos a participação da poetisa Karina Ciotto(@KaCiotto), dona do inspirador Rabiscaria Barata/Exit it. Vale citar que ela foi a grande incentivadora das minhas escritas, por isso, ela merece esse simples espaço pra divagar com exclusividade para o Vem Cá.




Eu sou segura. Ou pelo menos pareço. Eu sou workaholic. Ou pelo menos dizem que sou. Eu tenho espírito de liderança. Ou pelo menos já me desenharam assim. Eu falo incisivamente. Ah, eu sei que faço isso, he, defeitinho.

E eis que ao começar uma conversa qualquer, no trabalho, no grupo de amigos do antigo colegial, no grupo de amigos da igreja, no grupo de amigos da faculdade, em qualquer lugar, uma dessas conversas banais sobre qualquer coisa que envolve feminismo, o primeiro comentário que ouço é – Mas não fala perto dela. Ela é feminista! É o primeiro que ouço e o primeiro que rejeito. Mas que MANIA as pessoas têm de pré-julgar. Eu, não, - sempre digo – não sou feminista, não me confunda. E nem sou machista, antes que você pense assim. Esse tema não abrange apenas uma dicotomia. Eu sou FEMININA.

E aí alguns vão pensar: “ah tá, grande coisa, ela se veste de cor-de-rosa e usa coisinhas bonitinhas no cabelo e fala macio”. Não, não, não. Desconstrua, querido leitor, desconstrua. O meu feminina vai um pouco além do jeitinho delicado. Até porque, confesso, não é sempre que consigo ser sutilmente doce. Eu sou feminina porque feminista nem machista cabem em mim.

Não sou feminista porque não acho que preciso queimar meu sutiã e declarar ao mundo que sou igual aos machos por aí. Não quero direito iguais, nunca quis. Não sou machista, pois enquanto não quero direitos iguais, quero mais direitos e mimos. Quero que homem se sinta homem e mulher se sinta mulher, nas minhas concepções. Eu explico.

Antes de mais nada, leitor, informação pra você: moro sozinha com minha mãe. E sou eu que carrego as coisas pesadas, eu que tomo chuva, eu que mato a barata, eu que troco as lâmpadas, eu que abro o vidro de palmito e afins. Ora, eu sei que posso fazer isso. Mas acho também que um homem pode fazer essas coisas e milhares de outras muito melhor que eu. E eu quero pra mim um homem que as faça. Porque eu sou melhor nos detalhezinhos. Nas coisinhas de mocinhas, em cuidar das pessoas. E porque, me sabendo independente, eu quero ter a opção de depender, e depender de alguém que possa se pensar indispensável para mim nas pequenas coisas que fazem de uma rotina algo bom, suportável ou ruim.

Acho, prepotentemente, que quem é feminista e liberal demais, quer ser independente demais, é porque nunca o foi de fato. Imagine só, cuidar da casa, trabalhar e pensar em cuidar de um filho ao mesmo tempo. Deve ser terrível, pesado, exaustivo. O que não quer dizer que não seja factível. Mas eu questiono os resultados, pra essa pessoa (mulher ou homem) que venha a fazer isso. A vida pode (e deve?) ser leve, cada um no seu lugar, desde que haja concordância entre as partes envolvidas. Acho também que machismo é coisa antiga, não há mais motivos para acreditar que homem seja ser superior à mulher.

Não posso, porém ditar uma regra, e certamente existe quem vá discordar dessas minhas opiniões, ainda bem. Mas, mulheres queridas, pensem, pensem. Com todo o respeito e citando Schopenhauer... Nós conseguiremos o que quisermos dos homens, se formos espertas. Minha mãe aprendeu com minha avó que aprendeu com a minha bisa que {... [...(...)]} aprendeu com Eva. Seja esperta, seja FEMININA, que é tudo o que um MASCULINO procura, sem, no entanto, deixar de ter a íntima e secreta certeza que você pode viver sim, muito bem, sem ele. Mas ele não precisa saber... afinal de contas, muito melhor com ele, não? = )

"A Natureza, recusando-lhes a força,deu-lhes a astúcia, para lhes proteger a fraqueza..." (Arthur Schopenhauer)


Valeu, Ciotta!

Um comentário:

a disse...

"A natureza deu tanto poder à mulher que a lei, por prudência, deu-lhes pouco."
Samuel Johnson