sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Fenêtre


- Ela é a alegria. Nela ponho os sonhos, os planos. A felicidade é vê-la feliz. Se pudesse dá-la meu mundo, daria, se não precisasse um pouco dele para alegrar minha pequena.

- Alegra, mas faz feliz? Felizes são os que têm a liberdade de visitá-las todas, quando bem quiserem. Sem precisar agradá-las muito. Simplesmente apreciar a situação e a vida. Se ela morresse, partisse ou não amasse, do que viveria a felicidade, afinal?

- Ela não morreria, é imortal. Bom, talvez morresse, mas de tristeza a situação se resolveria rapidamente. Por que é tão incômodo que alguém seja feliz em alguém? Afinal "a felicidade só é verdadeira quando compartilhada". É possível ser feliz tão independente?

- É mais fácil conhecer a vida, inevitavelmente. Aprender mais sobre os amigos, ter experiências reais. Isso se chamaria felicidade.

- Ser romântico não é viver uma falsidade! Os românticos têm sim momentos reais, talvez até menos superficiais que os solteiros acomodados.

- O "solteiro acomodado" tem bem menos chances de um dia se arrepender de ser um "solteiro acomodado". Elas estão todas aí, quando for o tempo de ter uma delas, será. As possibilidades, caminhos e opções são poucas num amor.

- Poucas, mas intensas, não vazias, como dos anti-amor. Horrível é olhar pra trás e ver que tudo foi em vão. Se existe uma coisa boa na vida é arriscar!

- Não soa louco demais dizer que sofrer por amor, é ser feliz?

- Soa. E é. Mas se formos ligar para o sofrimento, não sairíamos de casa. Ó, fútil.

- Saiamos da casa, então. Diga a ela então sobre o amor. Ou diria sofrimento? Ó, tolo sonhador.

- Não há certeza...

- É. Não há...

Ele continua a olhar-se no espelho, dá mais um suspiro (como quem vai a guerra), lava o rosto e volta ao encontro da amada, indeciso.




"Você é a causa e a cura do seu próprio mal." (Rodrigo Goulart)

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